MP-AC ajuíza ação contra médico por não cumprir horários e acumular cargos no interior 54h5a
Segundo ação, médico abandonava plantões e exercia três cargos na Saúde da cidade de Feijó, interior do Acre. Advogado diz que médico nunca recebeu vantagem e teve ponto cortado de dias que faltou plantões.
Por Iryá Rodrigues, G1 AC, Rio Branco

O Ministério Público do Acre (MP-AC) ajuizou uma ação
civil pública contra o médico Maxdelis Cavalcante Rodrigues suspeito de
acumular cargos públicos de forma ilegal e abandonar plantões médicos no
Hospital Geral de Feijó, interior do estado. O órgão pede o afastamento e
indisponibilidade dos bens do médico.
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A ação foi assinada pelo promotor de
Justiça, Ocimar Sales Júnior, e divulgada pelo Tribunal de Justiça do Acre
(TJ-AC) nesta segunda-feira (26).
O advogado de Rodrigues, Marcos
Vitorino, informou que as acusações do MP não caracterizam crime. Segundo ele,
o médico nunca recebeu vantagem e nunca causou lesão ao erário de Feijó, porque
não recebeu dinheiro por dias não trabalhados.
“Como todo cidadão comum, os dias em
que faltou ao serviço, não foram remunerados, tendo o respectivo ‘ponto
cortado’. A declaração de imposto de renda 2016/2017, enviada à Receita Federal
do Brasil, demonstra, através de Folha Anual de Rendimentos, que não houve o
recebimento de remuneração por dias não trabalhados. Logo, não houve lesão ao
erário, nem enriquecimento ilícito”, afirmou o advogado.
Na ação, o Ministério Público alega
que, após o início do registro eletrônico de pontos no hospital, em abril de
2015, ficou constatado que o médico “nunca” teria cumprido a carga horária
mensal, de 160 horas.
Conforme o órgão, Rodrigues teria
assinado “por vários dias” a folha manual de frequência, onde revelou choque de
horários em mais de uma unidade de saúde do município.
A defesa do médico informou que
ainda não é possível afirmar que Rodrigues cumpra ou não a carga horária e que
está estudando a documentação. Segundo o advogado, nos dias em que o médico
faltou o plantão, teve ponto cortado e desconto na folha de pagamento.
Sobre o acúmulo de cargos, o
advogado afirmou que Rodrigues possuía um vínculo de trabalho com o Município
de Feijó, outro com a Secretaria Estadual de Saúde; e um com o Serviço Social
de Saúde do Acre (Pró-Saúde).
“Ocorre que o Pró-Saúde, conforme
seu Estatuto Social, é paraestatal de direito privado, logo é entidade que, sem
integrar a istração do Estado, com ela colabora na realização de serviços
tendentes à satisfação das necessidades coletivas. Tendo em conta a natureza
jurídica do Pró-Saúde, a acumulação é legítima, e não está sujeita ao impedido
legal, previsto na Constituição”, afirmou Vitorino.
O MP pede que seja suspenso o ato
que empossou o médico no cargo no efetivo do estado, afastamento da área sem
direito a receber. Além disso, pede indisponibilidade de bens até R$ 200 mil,
perda do cargo público e pagamento de R$ 50 mil de dano moral coletivo.
“O Ministério Público é incompetente
para apurar falhas funcionais ou meras irregularidades istrativas. A
defesa vai ajuizar nos próximos dias agravo de instrumento, defesa preliminar,
e irá requerer o não recebimento da ação e o arquivamento sumário do processo”,
concluiu a defesa do médico.