Por sonho de cursar história, casal estuda enquanto vende pão em rua 4md4h
Pão e goma são vendidos na Estrada Raimundo Irineu Serra, em Rio Branco.Costa e Ana se preparam para fazer Enem 2017 e focam na redação. 2z4u6b
Há dois anos vendendo pão e goma às margens da Estrada Raimundo Irineu Serra, em Rio Branco, o casal Feliciano da Costa, de 32 anos, e Ana Carolina Marques da Costa, de 19, decidiu assumir um novo compromisso para 2017 e espera mudar de vida. Entre uma venda e outra, enfrentando adversidades como barulho, poeira e falta de iluminação, os dois se concentram nos estudos para fazer o Eneme conseguir cursar história na Universidade Federal do Acre (Ufac).
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Eles não vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano porque perderam o prazo para as inscrições. Atualmente, Costa busca a conclusão do ensino fundamental e Ana a do ensino médio.
Os dois trabalham diariamente, de 17h às 21h, e com as vendas arrecadam em média R$ 880 por mês. Há dias em que o casal vende ao menos 30 quilos de goma e 25 unidades de pão, ambos custam R$ 5.
"Estávamos enfrentando uma situação financeira muito complicada, pois fui demitido. Decidimos empreender algum tipo de negócio para sobreviver. Então, colocamos uma banca para fazer um teste e deu super certo, o pessoal gostou do nosso produto e temos uma clientela considerável. A goma eu pego diretamente com o produtor na zona rural e comercializo na cidade. Essa é nossa renda, por enquanto vivemos disso", relata Costa.
Para estudar, o casal usa um caderno para fazer as lições adas durante a aula, um dicionário surrado, uma bíblia, que segundo eles é para fortalecer o conhecimento espiritual, e a internet no celular para pesquisar assuntos relacionados ao Enem e simulados online.
"A ideia de estudar para o Enem surgiu da necessidade. A gente sabe que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e pede o aperfeiçoamento. Entendemos que precisamos melhorar nossa escolaridade e atingir o nível superior. Sobrevivemos desse ramo de vendas, mas isso é apenas uma ponte, pois queremos alcançar uma formação", destaca.
Costa explica que ele a e mulher usam o jeitinho brasileiro para conseguir se concentrar durante os estudos, já que o barulho é grande e constantemente são interrompidos pelos clientes.
"A gente improvisa. Por exemplo, se tem muita poeira eu coloco um cone um pouco distante da nossa mesa para que o carro reduza a velocidade. A luminosidade que temos é a dos postes de energia. Mas, por enquanto somos jovens e a visão ainda é boa. Se aparece um cliente a Ana e eu revezamos no atendimento", fala.
Os dois contam que focam principalmente na redação, pois acreditam que é a disciplina mais cobrada no exame e que pode garantir uma pontuação melhor. "A gente procura melhorar na escrita, respeitando as normas exigidas em uma redação. Estudar juntos é mais um incentivo para que a gente fique focado. Isso é importante para nos preparar para o futuro", afirma Ana.
Esperançosos de um bom resultado no Enem, Ana e Costa alegam que a mensagem principal de todo o esforço que fazem é mostrar que não existe idade para estudar, aprender e buscar a realização de seus sonhos. Juntos, eles pretendem encontrar uma maneira de rear tudo que aprenderam a outras pessoas.
"Queremos que todos saibam que é possível quando a gente acredita. Pensamos em nos tornar formadores de opinião no futuro. As pessoas am aqui e ficam curiosas para saber o porque de lermos tanto, de estarmos sempre concentrados, então, queremos obter nossas conquistas e ser um exemplo para essas pessoas", finaliza a mulher.