Minirreforma eleitoral é aprovada 2a3c8
O
Plenário do Senado aprovou em votação simbólica a minirreforma eleitoral, com
medidas que, de acordo com seu autor, senador Romero Jucá (PMDB-RR), têm por
objetivo diminuir os custos das campanhas e garantir mais condições de
igualdade na disputa eleitoral entre os candidatos. A matéria segue para sanção
presidencial. Segundo afirmou Jucá, as mudanças serão válidas já para as
eleições de 2014.
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- A minirreforma eleitoral vale para 2014, porque não muda
regras de eleição, mudamos apenas regras istrativas e procedimentais, que
criam procedimentos de fiscalização, de transparência, de gasto. Não há nenhuma
mudança que impacte o direito de cada um de disputar eleição – afirmou Jucá.
O PLS 441/13 foi aprovado no Senado em setembro, mas voltou à
análise da Casa porque a Câmara fez alterações ao texto do relator, senador
Valdir Raupp (PMDB-RO).
Principais
mudanças
Uma das mudanças eleitorais foi a inclusão da proibição de uso
de bonecos gigantes, comuns em época de eleição. Os deputados mantiveram na
minirreforma a proibição de propagandas como cartazes, placas, muros pintados
em bens particulares. Mas ficam permitidos adesivos com tamanho máximo de 40
por 50 centímetros.
O texto aprovado proíbe, em vias públicas, propagandas
eleitorais em cavaletes e cartazes. Nas vias públicas, será permitido o uso de
bandeiras e de mesas para distribuição de material, contanto que não dificultem
o trânsito de pessoas e veículos. A proposta também proíbe a substituição de
candidatos a menos de 20 dias das eleições e obriga a publicação de atas de
convenções partidárias na internet em até 24 horas.
Para o presidente do Senado, Renan Calheiros, a minirreforma vai
reduzir de maneira significativa os gastos nas campanhas eleitorais.
- Como todos sabem, a eleição no Brasil é das mais caras do
mundo – disse Renan Calheiros.
Os senadores decidiram recolocar no texto o limite de contratação
de cabos eleitorais. Agora, a contratação de cabos eleitorais fica limitada a
1% do eleitorado em municípios com até 30 mil eleitores. Acima disso, será
possível contratar uma pessoa a cada mil eleitores a mais.
O texto aprovado nesta quarta-feira (20) não altera a proibição
de doações a candidatos por parte de concessionárias e permissionárias de
serviços públicos. Essa proibição já é prevista na Lei 9.504/1997 e a parte que
flexibilizava essa proibição foi retirada do texto final.
Financiamento
público exclusivo
Vários senadores criticaram que a minirreforma deixou de fora
pontos importantes como o financiamento público exclusivo de campanha. Outros
também levantaram dúvidas sobre a aplicação das novas regras já nas eleições de
2014. Mas o senador Jucá garantiu que as modificações valerão já para as
eleições do ano que vem.
O maior crítico da minirreforma foi o senador Mozarildo
Cavalcanti (PTB-RR). Para ele, o texto aprovado “não contribui em nada para o
aperfeiçoamento nem para a democratização do debate eleitoral”.
- Nós somos um minicongresso, por acaso, para estar aprovando
minirreformas? Por que é que a gente nunca faz uma reforma para valer? Essa
minirreforma nada mais é do que um esquema para proteger donos de rádio e de
televisão – afirmou Mozarildo.
O senador Wellington Dias (PT-PI) concordou com as críticas de
Mozarildo.
Já o senador Mário Couto (PSDB-PA) afirmou que a minirreforma “é
um avanço substancial na democracia e na liberdade das eleições brasileiras”.
Ele ponderou que o melhor seria “uma ampla reforma eleitoral”, mas que as
mudanças aprovadas nesta quarta-feira (20) dará sim mais condição de igualdade
aos candidatos nas campanhas eleitorais.
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) foi um dos que reclamaram de
o Congresso não ter conseguido consenso para aprovação do financiamento público
exclusivo das campanhas, o que, para ele, modificaria de maneira realmente
profunda a influência do poder econômico nas eleições.
Na mesma linha, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também
lamentou que o financiamento público exclusivo das campanhas não vigore no
Brasil.
- Não é uma reforma que muda as estruturas do sistema eleitoral
e do sistema político. Isso só vai acontecer com o financiamento público de
campanhas. Hoje, grandes conglomerados financeiros e econômicos desequilibram
as campanhas e o processo eleitoral – disse Randolfe.
Eleições
de 2014
Também o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também fez duras
críticas ao alcance limitado das alterações. Ele colocou em dúvida se todas as
mudanças realmente poderão valer para as eleições de 2014.
- Perdemos a oportunidade de fazer mudanças mais significativas,
na verdade é uma ‘nanorreforma’ eleitoral. Vai criar mais confusão que
esclarecimento. Vai acabar ficando pro TSE decidir – disse.
Para o senador José Agripino (DEM-RN), o limite à contratação de
cabos eleitorais é moralizadora do processo eleitoral, pois acabará com a
“prática de compra de votos disfarçada de forma escrachada”.
- Há candidatos que contratam 40 mil bocas de urna no dia da votação,
na verdade são votos comprados – disse.
Depois da aprovação do projeto, Jucá afirmou que as mudanças vão
baratear e dar mais transparência às campanhas.
- Estamos criando padrões de gastos para que os tribunais
eleitorais e o Ministério Público possam fiscalizar a eleição e possa ter mais
equidade nas eleições. São medidas salutares que criam mais transparência no
processo eleitoral – afirmou Jucá.
O senador Benedito de Lira (PP-AL) afirmou que o Senado estava
aprovando “um arremedo de última hora para dar satisfação à sociedade”.
- Eu lamento profundamente que nós hoje estejamos reunidos para
tratar desta matéria, que não traz eficácia nenhuma para as eleições de 2014 –
opinou.